03 de Outubro de 2018
Seis hábitos capazes de reduzir o risco de câncer de mama
No Brasil, o câncer de mama corresponde a 28,1% dos
novos casos da doença a cada ano, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer
(Inca). Com exceção dos tumores de pele não melanoma, este tipo de câncer é o
mais frequente entre mulheres das regiões Sudeste, Nordeste, Sul e
Centro-Oeste. O percentual brasileiro é mais elevado que a taxa global, que é
de 25%. As projeções para 2018 ainda indicam que, no mundo inteiro, 627.000 de
pessoas podem morrer devido à doença.
Apesar dos números, o câncer de mama está entre os
tipos mais tratáveis da neoplasia, especialmente com diagnóstico precoce e
tratamento adequado. Além disso, de acordo com o Inca, 30% dos casos da doença
podem ser evitados apenas com adoção de hábitos saudáveis, como praticar
exercício físico regularmente e evitar o consumo excessivo de álcool.
O site especializado Time Health preparou uma lista
com seis hábitos simples que podem ajudar as mulheres a reduzir os riscos.
1. Coma fibra
A fibra já provou-se benéfica para o controle de
peso e melhora o funcionamento do sistema digestivo; agora, o nutriente também
ajuda a reduzir o risco de desenvolvimento do câncer de mama. Um estudo
publicado no British Medical Journal (BMJ) descobriu que comer três porções
diárias de frutas e verduras ricas em fibras durante a adolescência diminui em
25% o risco da doença na fase adulta.
Os pesquisadores ainda notaram que certas frutas
conferem maior proteção: maçã, banana e uva são mais redutoras durante a
adolescência, enquanto couve e laranja contribuem para a redução do risco na
idade adulta. Além das fibras, esses alimentos são ricos em flavonoides, que
atuam como antioxidantes para combater danos celulares capazes de desencadear o
crescimento celular anormal.
"Este estudo ressalta a importância do que uma
menina come para sua saúde futura. E também tem uma mensagem importante para as
escolas sobre a necessidade de proporcionar aos alunos a oportunidade de
consumir mais frutas e vegetais como parte do programa de refeições escolares",
disse Maryam Farvid, coautora da pesquisa, à Time Health.
2. Cuidado com a gordura
Uma pesquisa publicada em maio no JAMA Oncology
descobriu que mulheres que seguem dietas pobres em gordura e ricas em grãos
integrais correm um risco 22% menor de morrer de câncer de mama. Também foi
sugerido que as mulheres que mantiveram a dieta menos gordurosa por períodos mais
longos apresentaram chances maiores de sobreviver à doença.
"O que vemos é um efeito notável. Mostramos que a
intervenção dietética após o diagnóstico [de câncer de mama] foi mais
importante do que a intervenção dietética antes do diagnóstico", explicou Rowan
Chlebowski, co-autor do estudo.
Apesar disso, os pesquisadores não foram capazes de
explicar por que uma dieta com baixo teor de gordura - no estudo, ela
correspondia a 20% das calorias diárias - reduz o risco, mas eles acreditam que
o resultado está associado à perda de peso e a maior ingestão geral de
nutrientes estimulada pela dieta.
A adoção da nova dieta ainda conseguiu diminuir em
24% o risco de morte por outros tipos de câncer e mostrou um risco 38% menor de
morte por doença cardíaca.
3. Evite o álcool
Um artigo publicado no ano passado no Journal of
Clinical Oncology mostrou que o consumo regular de bebida alcoólica está
associado a pelo menos sete tipos de câncer, principalmente ao câncer de mama.
Os especialistas estimam que 5,5% dos novos casos de câncer pelo mundo estão
relacionados ao consumo excessivo de álcool. Isso aconteceria porque o álcool
pode aumentar os níveis de estrogênio para um grau potencialmente perigoso.
"Embora esta associação tenha sido estabelecida há
muito tempo, a maioria dos oncologistas, dos leigos e dos pacientes com câncer
não estão cientes do risco. Essa foi uma oportunidade para aumentarmos a
conscientização", comentou Noelle LoConte, da Universidade de Wisconsin, nos
Estados Unidos.
Outra pesquisa, publicada no British Medical Journal
(BMJ), indicou que uma dose diária de álcool (para mulheres) aumenta o risco do
desenvolvimento de cânceres em geral para 13%, especialmente o de mama.
4. Não fume
O tabagismo já é conhecido por aumentar a
probabilidade do desenvolvimento de câncer de pulmão, mas pesquisas sugerem que
os carcinógenos presentes no cigarro podem aumentar o risco de outros tipos da
doença, incluindo o câncer de mama.
Um estudo publicado no ano passado na revista Breast
Cancer Research sugeriu que o risco é particularmente maior para mulheres que
começam a fumar na adolescência, uma vez que os cigarros afetam as vias
hormonais durante o desenvolvimento das mamas. Os pesquisadores ainda ressaltam
que o risco relativo de câncer de mama associado ao tabagismo é maior para
mulheres com histórico familiar da doença.
5. Se exercite
O exercício físico traz inúmeros benefícios para a
saúde física, em especial a cardiovascular, e mental - ajudando a aliviar o
stress e melhorando o humor. Pesquisas também mostraram que a atividade física
regular pode reduzir o risco de câncer de mama. A explicação: o exercício pode
melhorar o sistema imunológico e reduzir gordura corporal, fator que já está
associado ao menor risco da doença.
A queda na inflamação também é um resultado
positivo. "Inflamação é uma ativação de células e componentes derivados de
células que têm o trabalho de combater invasões e, em alguns casos, apenas
absorver ou limpar células danificadas", explica Valter Longo, da Universidade
da Califórnia, nos Estados Unidos, à Time Health.
Além disso, uma pesquisa mostrou que até 40% dos
cânceres estão associados ao excesso de peso ou à obesidade. Portanto, a
prática da atividade física pode estimular o emagrecimento e, consequentemente,
diminuir o risco de câncer. Um estudo do JAMA Oncology determinou que 300
minutos (equivalente a cinco horas) de atividade física por semana é o ideal
para alcançar ambos os objetivos.
6. Reposição hormonal
A terapia de reposição hormonal costuma ser
procurada por mulheres que desejam aliviar os sintomas da menopausa, como ondas
de calor e fadiga. No entanto, um relatório divulgado pelo Sociedade Americana
de Câncer mostrou que utilizar essa terapia pode aumentar o risco de câncer de
mama.
A terapia de estrogênio-progesterona (EPT) é um dos
tratamentos que aumentam a probabilidade - quanto mais EPT for usado, maior é o
risco, apontou pesquisa. Destacou-se ainda que mulheres que utilizam a terapia
de estrogênio-progesterona estão mais propensas a descobrir o câncer de mama
quando este já está maior e se espalhou para além da mama.
Por causa disso, muitos médicos começaram a perceber
que os riscos podem superar os benefícios para muitas mulheres. Portanto, discuta
a possibilidade com o seu médico e verifique o seu risco de desenvolver câncer
em decorrência da terapia.