Cinquenta anos depois da estreia de James Bond na telona, uma série de eventos marcarão na sexta-feira (5) o aniversário da lucrativa franquia cinematográfica do mais icônico dos espiões britânicos, que sobreviveu a mudanças históricas, culturais e tecnológicas.
Em 5 de outubro de 1962 estreava em Londres “007 Contra o Satânico Dr. No”, no qual o primeiro agente com licença para matar, Sean Connery, jogando bacará, acendia um cigarro e se apresentava com a mítica frase “Bond, James Bond”.
O agente mais leal de Sua Majestade foi interpretado por seis atores nos 23 filmes da série, o mais recente deles com previsão de estreia ainda este mês. Mas nunca perdeu a paixão pelos carros esportivos, as mulheres, os artefatos tecnológicos mais impressionantes e o martini, “agitado, mas não mexido”.
“O núcleo do universo de James Bond continua sendo o mesmo: obcecado por sexo e violência, hipermasculino, nacionalista, mas de forma simplista, e viciado em um consumo manifesto”, explicou à AFP Christoph Lindner, que dirige a obra coletiva “The James Bond Phenomenon: A Critical Reader”.
Entre os eventos previstos para sexta-feira no “Dia Mundial de James Bond”, o destaque é um leilão em Londres que terá como principal atração o Aston Martin DBS que Daniel Craig dirigiu em “Quantum of Solace” (2008).
Também foi organizada uma pesquisa para descobrir o filme de James Bond favorito em cada país, além de uma retrospectiva que começa na sexta-feira no Museu de Arte Moderna (MOMA) de Nova York e um jantar na sede da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas em Los Angeles dedicada à trilha sonora da série.
A agência de turismo britânica Visit Britain aproveitou a oportunidade para capitalizar a fama mundial de James Bond e criou uma campanha em 21 países com o lema “Bond is GREAT Britain”.
O dia do cinquentenário também será marcado pela estreia do documentário “Everything Or Nothing: The Untold Story Of 007”, dirigido por Stevan Riley e que destaca os três homens que tornaram a saga possível: os produtores Albert R. Broccoli e Harry Saltzman, e o escritor britânico Ian Fleming, “pai” do personagem literário nascido em 1953
A estreia mundial do novo filme “Operação Skyfall”, o terceiro protagonizado por Daniel Craig, acontecerá em Londres em 23 de outubro, três dias antes de chegar aos cinemas britânicos e de outros países, incluindo o Brasil.
A música principal do filme, interpretado pela cantora britânica Adele, uma das autoras da canção, será lançada oficialmente na sexta-feira às 0h07 do horário de Londres. Alguns trechos, no entanto, vazaram na internet no início da semana.
As celebrações dão sequência a um ano triunfal para James Bond, que foi um dos grandes protagonistas da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, quando o agente “buscou” a rainha Elizabeth II no Palácio de Buckingham para escoltá-la de helicóptero e “saltou” com a monarca de paraquedas sobre o estádio olímpico.
Há 50 anos, no entanto, ninguém seria capaz de prever o êxito da franquia, que arrecadou no total cinco bilhões de dólares nas bilheterias do mundo.
Stephen Watt, coautor de “Ian Fleming and James Bond: The Cultural Politics of 007”, atribui a resistência da “marca” a sua capacidade de adaptação. O musculoso Bond de Craig contrasta com o mais cômico de Roger Moore e com o mais marcadamente viril Sean Connery.
“A série 007 apresenta agora um herói que é emocionalmente vulnerável, falível e de alguma maneira psicologicamente abalado”, explica Christoph Lindner.
Os filmes também evoluíram com as mudanças geopolíticas.”Passamos dos problemas da Guerra Fria aos pós-comunistas, aos terroristas pós 11 de setembro e assim sucessivamente”, completou. “Para continuar sendo atual”, concorda Stephen Watt, “as ameaças contra o Ocidente têm que estar presentes”.
Fonte: cinema.uol.com.br