Em São Paulo, centenas de fãs e amigos se despediram de Hebe Camargo. O corpo da cantora, atriz e apresentadora foi enterrado na manhã de domingo (30), em São Paulo. E não faltaram manifestações de carinho durante o velório, a missa rezada pelo Padre Marcelo Rossi e o sepultamento.
Foi uma grande comoção no país e, especialmente, em São Paulo. Hebe nasceu no interior, em Taubaté, e sempre teve uma identificação muito forte com a capital paulista. Uma multidão se despediu dela.
Os fãs lotaram o cemitério na Zona Sul de São Paulo. Muita gente foi a pé e, na tentativa de dar um último adeus a Hebe, chegar mais próximo do túmulo, as pessoas já nem respeitam mais as calçadas no cemitério. Iam passando por cima dos gramados e das flores – só para poder chegar mais pertinho de onde ela vai ser enterrada.
“Ela tinha vontade de viver, transmitia alegria. Muita gente sã aqui fora reclamando da vida e ela lutou pela vida até o último instante”, afirma Alaída Arsifa, inspetora de alunos.
Muitos fãs se emocionaram. “Gostava muito dela”, diz uma fã.
“Era fã da Hebe e vou continuar sendo”.
E Hebe ganhou muitos aplausos, rosas e gritos. No caixão coberto com a bandeira do Brasil, foram jogadas pétalas de rosas.
O adeus teve início no velório no Palácio dos Bandeirantes – sede do governo de São Paulo. O filho Marcelo usou um manto com a imagem da mãe. Apresentadores, autoridades e artistas foram se despedir.
“Todos os momentos ao lado da Hebe me marcaram. Todos. Ela era minha amiga e ainda vai ser para sempre”, afirmou a cantora Cláudia Leitte.
Sílvio Santos conversou com Hebe e deu um selinho na apresentadora. O cantor Roberto Carlos ficou em silêncio diante do caixão. De manhã durante a missa celebrada pelo Padre Marcelo Rossi, uma música do cantor embalou os fãs da apresentadora.
Fã incondicional de Roberto Carlos, em 2009, Hebe soltou a voz no palco do Teatro Municipal de São Paulo para homenagear os 50 anos de carreira de seu ídolo.
Paulista de Taubaté, Hebe Camargo começou a carreira como cantora, no rádio. Foi para a TV, e, nos anos 50, descobriu que tinha outro talento. “A apresentadora veio por causa da cantora e de repente a apresentadora sufocou a cantora”, conta Hebe.
Fez sucesso com o programa de entrevistas na Rede Record nos domingos à noite. E foi nesses bate papos que surgiu uma de suas expressões mais famosas: “Quando eu gosto muito vira gracinha, porque é que eu gosto muito. Você é uma gracinha, tenho vontade, engraçado, agora eu percebi que eu falo assim: ‘gracinha'”.
A risada que ninguém esquece.
“A gente deu muita risada da gente mesmo. E ela falou: ‘Se a gente não rir da gente da gente mesma nessa hora, da nossa desgraça, então quem vai rir? Então viva a vida!”, conta Astrid Fontenelle.
O selinho, a alegria.
“Ela sempre foi uma referência de espontaneidade, de alegria para mim. Eu sempre quis ser a Hebe”, lembra a atriz Regina Duarte.
E a vontade de viver: “A Hebe devia se chamar Hebe Vida Maria, que ela é Hebe Maria. Porque eu nunca conhecia alguém que gostasse tanto de viver quanto ela”, afirma Lolita Rodrigues.
São recordações inesquecíveis e muitas histórias que vão ficar na memória dos amigos.
“Ela era muito carinhosa, ela sempre me ligava de madrugada pra elogiar um programa ou outro”, conta o apresentador Jô Soares.
“Nós fomos tomar café juntas e eu levei o meu filho para tomar café comigo. Quando nós chegamos lá, era próximo da data de Natal e toda a casa dela estava enfeitada para o meu filho. Os bonecos, o que tinha na árvore era para ele, o que tinha no café da manhã era para ele. E isso me tocou muito, porque ele chamou ela de vovó sem que eu dissesse a ele que era uma avó, que era uma amiga da mamãe”, lembra a cantora Ivete Sangalo.
Marcas de quem passou 60 anos na TV e costumava brincar com isso. “Quantos anos de TV? Quantos anos tem a TV?”, questionou Hebe.
“Olha que dia lindo que está aqui hoje. E ela hoje estaria em uma cama lutando com uma doença incurável. E é bom que ela esteja descansando, dando aquela gargalhada. Vamos pensar nela assim”, afirma Regina Duarte.
Fonte: g1.globo.com