Há uma década, quando a Flip popularizou o formato de festas literárias –mais focadas numa ideia de cultura do que de mercado–, um gestor da área de eventos diagnosticou as tradicionais feiras comerciais de livros: “É preciso reinventar isso, porque o charme foi todo para Paraty.”
Desde então, as principais bienais do livro buscaram se inovar, criando, por exemplo, espaços com eventos gastronômicos e leituras feitas por atores de novelas. Mas problemas centrais persistiram.
Recorrente no mercado, a discussão sobre o esgotamento desse modelo veio à tona nesta 22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que começa nesta quinta (9), organizada pela Câmara Brasileira do Livro.
“Por que não assumir que a fórmula está desgastada?”, questionou Raul Wassermann, editor da Summus e ex-presidente da CBL, em artigo na Folha no último domingo.
É inegável que a Bienal paulista atrai mais público que qualquer festa literária. Em 2010, foram 743 mil pessoas, enquanto na Flip o número não passa de 25 mil.
Mas a multiplicação de festas com foco mais literário esvaziou a relevância cultural das grandes bienais.
Festivais jovens, como Fliporto (PE), Felit (MG), Flipoços (MG), Tarrafa Literária (SP), Mantiqueira (SP), Flit (TO) e Flupp (RJ), que, em geral, oferecem cachê a escritores, passaram a atrair nomes que recusam convites de bienais como a do Rio e a de SP, que não pagam autores.
Além disso, a proliferação das megastores e a ampliação do acesso à internet reduziram o papel das bienais como ponto de compra de títulos de outra forma inacessíveis.
Isso reduziu um caráter central das grandes feiras comerciais: fortalecer a imagem das editoras junto ao público. Poucas delas lucram com a venda de livros nesses eventos.
No site Publishnews, o editor Felipe Lindoso listou problemas desta edição da Bienal, como participações canceladas, atraso na divulgação da programação e falta de nomes internacionais de peso.
Karine Pansa, presidente da CBL, diz que seu “diagnóstico desta Bienal é o melhor possível”. “A venda dos espaços foi maior que em anos anteriores”, afirma.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br