As poucas ciclovias da RMC (Região Metropolitana de Campinas) não funcionam para transporte. As faixas não ligam pontos distantes e, na prática, servem quase só para o lazer. Na contramão, a bicicleta é apontada por especialistas como uma maneira de reduzir congestionamentos.
O TodoDia questionou todas as 19 cidades da região sobre o tema. Onze responderam. Dessas, só seis têm ciclovias. Os espaços somam 56,7km em cinco cidades (Hortolândia não passou a extensão).
O levantamento mostra ainda que a maioria das ciclovias acaba destinada apenas ao lazer. Campinas aparece em primeiro lugar, com 24,2km de ciclovias, seguida por Indaiatuba, com 18,6km. Americana tem 9,4km, Vinhedo, 3,5km, e Paulínia, apenas 1km. Hortolândia disse que todos os parques possuem ciclovias, mas não passou a extensão delas.
Oito cidades não responderam aos questionamentos: Artur Nogueira, Engenheiro Coelho, Holambra, Itatiba, Jaguariúna, Pedreira, Santo Antônio de Posse e Valinhos.
Santa Bárbara d’Oeste, Nova Odessa, Cosmópolis e Monte Mor confirmaram que há apenas estudos para a construção das ciclovias. Sumaré admitiu que não tem os espaços e nem há projetos em andamento.
O especialista em transporte e professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Creso Peixoto confirmou que há um deficit de ciclovias na região. “Se tratarmos a bicicleta como meio de transporte, não há local para esse meio circular. A imensa maioria está dentro de parques ou no entorno deles, e isso não resolve a vida de quem acorda cedo para trabalhar. Então, enquanto os projetos alternativos não melhorarem, vamos continuar com os congestionamentos cada vez maiores”, afirmou.
De acordo com o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), até outubro de 2012, último dado disponível, a frota total de veículos da RMC era de 1.747.739 veículos – uma média de 1,6 habitante por veículo. “O número reflete nas ruas, e a bicicleta seria uma saída”, lembrou Peixoto.
OPÇÃO
Criadas nos parques de Paris, em 1862, para servirem como caminhos especiais para os velocípedes não se misturarem com charretes e carroças que transitavam pelas ruas na época, as ciclovias são uma alternativa ao uso de automóveis adotada por diversas cidades, como Barcelona, na Espanha, onde há cerca de 200km de faixas e existem bicicletas disponíveis para o aluguel.
O ciclista Vagner dos Santos pede a construção de áreas que liguem pontos distantes e aponta falta de segurança em Campinas. “As vias urbanas estão com os carros muito rápidos, isso afugenta as pessoas, que têm medo de andar (de bicicleta). Hoje mesmo eu vim pedalando, as pessoas não respeitam, passam muito rápido, passam perto”, afirmou.
FORÇA
Apesar dos problemas, o ciclismo como meio de trans-porte supera o lazer. Segundo um levantamento da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), o uso da bicicleta no País está dividido em quatro segmentos: 50% dos ciclistas utilizam o meio para transporte, 32% das bicicletas são de uso infantil, 17% para recreação e lazer e 1% para competição.
Segundo o secretário de Meio Ambiente de Americana, Odair Dias, a prefeitura estuda mais ciclovias que sirvam como meio de transporte. “Além de ser mais uma opção de lazer e prática esportiva para a população, as ciclovias também servirão para as pessoas se locomoverem ao longo das avenidas e parques.”
Fonte: http://portal.tododia.uol.com.br