Para comemorar o Dia Mundial da Animação, que transcorre no dia 28 de outubro, o CineClube Estação Vagner de Oliveira, em Americana, exibirá “Mary e Max, uma Amizade Diferente”, hoje, às 20h, na Estação Cultura, a antiga estação ferroviária de Americana, na Rua Dr. Antonio Lobo, no Centro de Americana. A entrada e gratuita e os cinéfilos ainda ganham pipoca e refrigerante.
É baseado em uma história real de dois personagens bastante distintos que passam a se corresponder por cartas e formar uma amizade. Mary (voz de Bethany Whitmore e Toni Collette) é uma garotinha de 8 anos que não possui amigos e tem pais problemáticos. Max (voz de Philip Seymour Hoffman) é um homem obeso de 44 anos que sofre de síndrome de Asperger e também não possui amigos. A história gira em torno de suas cartas e das consequências que elas causam.
Os desenhos com temáticas adultas sempre existiram. Mas, é impressionante como, nos últimos tempos, esse estilo se destacou com grande frequência. Até mesmo aquelas animações mais comerciais e dirigidas ao público infantil trouxeram nem que fosse uma cena com alguma mensagem mais madura. A Pixar se especializou no assunto. Tanto, que os três últimos trabalhos da produtora (Ratatouille, WALL-E e Up – Altas Aventuras) tinham contornos que crianças ainda não têm capacidade de compreender.
Mary & Max, apesar da classificação livre, é totalmente dirigido a adultos. Não é o caso à la Pixar em que a essência é infantil e que alguns retoques são adultos. Essa realização de Adam Elliot conta uma história cheia de problemáticas emocionais: a Mary do título é sozinha, tem uma mãe alcóolatra, mal conhece o pai distante e ainda é maltratada na escola. Já Max é obeso, tem síndrome de Asperger e quase não tem contato com a sociedade. Também, em certo ponto, temos envenenamento, casos de depressão e até mesmo um personagem se descobrindo gay!
Apesar dessas tramas bem dramáticas, Mary & Max faz um tratamento irônico e divertido desses fatos. Claro que, de maneira alguma, o filme abandona a tristeza dessas storylines. Mas, também, não esquece que o filme não pode ser afogado por elas. Existe um balanceamento fundamental entre drama e comédia na história, o que confere um tom harmônico entre os dois gêneros. Se a sinopse, junto com maiores detalhes da história, parecem apresentar um filme triste, a abordagem narrativa deixa uma impressão bem diferente.
A animação não chega a ser excepcional, mas conquista facilmente. O maior mérito é a excelente humanização dos personagens, principalmente com a sinceridade da história entre os dois. Mary & Max poderia, facilmente ter entrado para os indicados ao Oscar de melhor animação, pois tem um feito irrepreensível: é uma história corriqueira e que se fosse filmada com pessoas de verdade, talvez, não tivesse o mesmo efeito. No entanto, aqui, esse enredo banal foi representado de uma forma que escapa do óbvio. Algo comum narrado de uma maneira diferente. O que já é o suficiente para merecer algum tipo de reconhecimento.
FICHA TÉCNICA:
Direção: Adam Elliot
Com as vozes de Philip Seymour Hoffman, Toni Collette, Barry Humphries, Eric Bana, Bethany Whitmore, Renée Geyer
Mary and Max, Austrália, 2009, Animação, Livre