O torcedor corintiano esperou décadas a fio para ver seu time, enfim, disputar um Mundial de Clubes no Japão. E, quando esse dia chegou, teve roteiro digno de cinema. Aconteceu absolutamente tudo com o time alvinegro em sua epopeia em solo nipônico. Desde drama com o atacante Guerrero, que se lesionou antes da viagem e por pouco não ficou de fora, até histórica invasão da torcida alvinegra a uma noite magnífica do goleiro Cássio, que se eternizou como o herói do bicampeonato mundial do Corinthians.
O camisa 12 teve atuação inesquecível na vitória por 1 a 0 contra o Chelsea, no Estádiode Yokohama. Foram nada menos que seis defesas difíceis, sendo duas delas impressionantes. A primeira em um chute a queima roupa do zagueiro Cahill, após sobra em cruzamento de escanteio que morreu em cima da linha nos pés salvadores de Cássio. A segunda e mais marcante ainda foi em bola de Moses, que finalizou quase com perfeição no canto, sem contar com a elasticidade do goleiro corintiano.
Não tinha como não se lembrar do histórico lance de Cássio contra o meia-atacante Diego Souza, então do Vasco, pelas quartas de final da Copa Libertadores da América deste ano. Não? “A do Moses foi mais difícil, de mão trocada, mas a do Diego Souza foi mais marcante”, respondeu o próprio jogador, coroado com o prêmio de melhor jogador do Mundial de Clubes graças a sua atuação na decisão.
“Sempre acreditei no meu trabalho. Por ter ganhado esse prêmio e ter feito um ano muito bom, não tenho como não lembrar de minhas raízes, de onde comecei, lá no Veranópolis-RS. De todas as pessoas que me deram motivação até hoje, de todo mundo que me ajudou, da minha família. Tive dificuldades, não conheço o meu pai, mas nunca senti a falta dele porque minha mãe sempre foi mãe e pai e também tive meu tio”, desabafou o atleta após o feito.
A saga de Cássio em Yokohama foi acompanhada de perto pelos milhares de corintianos que compareceram ao Estádio Nissan. A terceira invasão da história do clube, se juntando a 1976 e 2000, ambas no Rio de Janeiro, a última delas também por um Mundial de Clubes. Nunca uma torcida de futebol havia se mobilizado tanto para cruzar o mundo em número tão grande como fizeram os alvinegros neste mês de dezembro.
E a passagem do Corinthians pelo Japão mudou de vez os conceitos do clube pelo mundo. Primeiro, ajudou a divulgar o nome do time alvinegro, até então pouco conhecido. Segundo, bagunçou com a organização dos nipônicos, que tiveram de apelar a recursos como placas, avisos em telões e até reforço de guardas nas ruas, impressionados com a quantidade de brasileiros em festa durante todo o tempo. Agora, mais do que nunca o planeta sabe o que significa a máxima de que “o Corinthians é uma torcida que tem um time”.
consagração de Guerrero
Quem iria imaginar que aquele peruano até então desconhecido no futebol brasileiro, que chegou a São Paulo em meados de julho, viraria o herói do bimundial do Corinthians? Pois foi exatamente isso que fez Paolo Guerrero, novo nome a entrar no hall de ídolos da camisa 9 alvinegra. Com seu porte avantajado e sua força física notável, o centroavante foi ao lado de Cássio o grande nome do Mundial de Clubes.
E o jogador vira ainda mais ídolo da torcida alvinegra pelo sacrifício que fez pelo clube para disputar o torneio. Guerrero havia sofrido lesão no duelo contra o São Paulo, no dia 2 de dezembro, válido pela última rodada do Campeonato Brasileiro, e teria ficado de fora do Mundial se não fosse uma atitude drástica: optou por fazer uma infiltração no joelho machucado.
“Vale tudo. Quando um jogador tem um objetivo em mente, pode fazer tudo. Não foi a primeira vez e vale tudo para jogar o Mundial pelo Corinthians”, avisou, na ocasião, em gesto que teria causado polêmica caso tivesse dado errado. Mas não deu. Guerrero se recuperou a tempo de estrear com a equipe titular no duelo da semifinal contra o Al Ahly e foi o herói da magra vitória por 1 a 0, ao marcar de cabeça o único gol da partida.
E não parou por aí. A noite (manhã no Brasil) do dia 16 de dezembro poderia ter sido trágica para o Corinthians, que começou nervoso o duelo contra o Chelsea e perdia bolas bobas no meio de campo. Mas Guerrero estava lá e, com sua experiência, ajudou a colocar a posse no chão na primeira etapa, chamou o jogo na segunda e fez um gol que entrou para a história como o tento do bicampeonato mundial.
Fonte: http://esportes.terra.com.br