Sofrendo de mal de Parkinson, o apresentador e radialista Gil Gomes, 73, afirmou que sente saudade de falar. Sem trabalhar há anos, o ex-repórter do “Aqui Agora”, extinto programa policial do SBT, fala com dificuldade por conta da doença. “Sinto saudade de falar. Agora sai tudo enrolado”, afirmou em entrevista a Geraldo Luís, na estreia do programa dominical da Record, “Domingo Show”.
O programa chegou a ficar em primeiro lugar, registrando uma média de 11 pontos, ante 10 da Globo e 5 do SBT, segundo dados prévios do Ibope da Grande São Paulo. A atração chegou a dar pico de 17 pontos durante a entrevista com Gil Gomes.
Geraldo Luís visitou o radialista em sua casa e relembrou da época áurea de sua carreira. “Não tenho [ideia] de quantas mortes eu narrei. Eu sei que, pelas minhas contas, a polícia esclareceu 600 crimes por conta de informações nossas. Eu estudava a pessoa, aquela pessoa não era só o criminoso, não era a vítima. Eu fazia que nem [o escrito Fiódor] Dostoiévski. Era uma pessoa que estava ali”.
Sobre o característico gesto na mão, Gil Gomes afirmou que virou sua marca sem querer. “Eu era de rádio. Fui para a TV, segurava microfone com uma mão e não tinha o que fazer com a outra”, disse.
Gil contou que foi um dos radialistas mais bem pagos no Brasil, mas que perdeu muito dinheiro pelo vício em apostas de corrida de cavalo. “Eu joguei muito. Fui a cassinos, comprei cavalos, fiz tudo que eu quis. Comprometeu a minha vida, mas não acabou com a minha vida. Tive 250 cavalos”.
Sobre a doença, Gil diz que está relacionado a um choque grande que sofreu quando seu filho Guilherme morreu. “Foi a maior tristeza da minha vida. Meu médico acha que o Parkinson veio de um choque inicial que foi a morte do Guilherme por hepatite em 2000. Que é essa tremedeira, e essa voz. Eu era gago quando era pequeno. Agora está voltando”.
O radialista afirma que guarda apenas um arrependimento na vida: não ter atingido seu objetivo ao se tornar uma lenda em programas policiais. “Quando você vê um jovem criminoso olhar pra câmera e dizer: matei mesmo, matei, matei, matei. Eu queria colaborar com isso, para que não acontecesse mais. Mas falhei. É meu maior arrependimento”, afirmou, reafirmando sua posição de defender a redução da maioridade penal no país.
Ao final do programa, Gil Gomes voltou ao local onde se localizava o Carandiru. Hoje um parque, Gil relembrou quando acompanhou a chacina no presídio. “Foram mais de 300 mortos. Não 111. Isso é mentira”, afirmou. No local, ele reencontrou duas filhas que não via há anos.
Fonte: Entretenimento UOL