Um golpe militar derrubou nesta quarta-feira (3) o presidente do Egito, eleito democraticamente, Mohammed Mursi. Em resposta à insatisfação de boa parte da população, o exército tomou o poder, suspendeu a constituição e anunciou que vai convocar eleições. Veja mais informações no vídeo.
Mohammed Mursi era o primeiro presidente eleito pelas urnas da história do Egito e foi derrubado praticamente como um ditador. Em vez dos quase 30 anos de Hosni Mubarak, Mursi durou só um ano e três dias no cargo.
O Egito, que não chegou a saber direito o que é uma democracia, volta agora às mesmas dúvidas do fim da ditadura Mubarak: para onde vamos? Quem nos governa?
Quem começou a responder a essas perguntas foi um militar que chegou a chefe das Forças Armadas depois de nomeado pelo próprio Mohammed Mursi.
Pela TV estatal, o chefe das Forças Armadas anunciou que estava suspendendo a constituição, que convocaria eleições antecipadas e que o chefe da Suprema Corte vai assumir o país durante a transição.
A derrubada de Mursi foi recebida com uma festa gigantesca na mesma praça Tahrir que foi o cenário da derrubada da ditadura Mubarak. Mais uma revolução popular bem-sucedida? Golpe militar?
A multidão e os militares não chamam de golpe. Dizem que foi um mal necessário para devolver a estabilidade ao Egito e botar um novo presidente no lugar daquele que parte da população considera autoritário e ineficiente.
Antes de anunciar a queda do presidente, o exército tomou conta das ruas do Cairo e fechou as saídas da cidade. Eles tinham ordens pra impedir que Mohammed Mursi deixasse o país.
Mursi foi mantido sob custódia dos militares. Os militares chegaram a fechar emissoras de TV que apoiam a Irmandade Muçulmana e prender funcionários.
Na sede da TV Al-Jazeera no Cairo, eles interromperam a transmissão ao vivo das comemorações na praça Tahrir. Mais cedo, o agora ex-presidente do Egito divulgou uma mensagem na internet, que acabou sendo apagada.
Mursi dizia que as medidas anunciadas pelos militares são um golpe, e que continuava presidente. O mesmo conteúdo apareceu em mensagens de um assessor de Mursi no Twitter.
Em uma delas, havia um pedido para que o povo não aceitasse o golpe militar, mas o povo não deve ter parado para ler.
Fonte: g1.globo.com