Mais velho que a própria televisão (nasceu no rádio), o show de talentos não cansa de se reciclar. “Got Talent Brasil”, que a Record estreou nesta terça-feira (02), é mais um entre os programas desta nova geração, fiéis ao modelo original, mas sintonizados aos novos tempos.
Não podem faltar, entre os elementos obrigatórios em programas deste gênero, um candidato esdrúxulo, um que emocione e, eventualmente, crianças fofas e, até, animais. Também é necessário pelo menos um jurado malvadão, uma jurada boazinha e um apresentador simpático.
“Got Talent Brasil” tem tudo isso e algo mais. Como “Ídolos” e “The Voice”, entre outras franquias estrangeiras nascidas no século 21, o programa da Record, a partir da segunda fase, retira dos jurados o poder supremo e oferece ao espectador a chance de ser, ele também, responsável pelas decisões.
Rafael Cortez, o apresentador, não explicou isso ao público, mas a informação está disponível no site do programa. Aliás, nenhuma regra foi explicada nesta estreia, com exceção de um detalhe óbvio – o candidato que receber um triplo “não” dos três jurados está eliminado.
Sorridente e gentil com os candidatos e seus parentes, Cortez assistiu ao programa do camarim. Foi pouco utilizado. Será um desperdício se não interagir mais com o público e com os vitoriosos e derrotados depois de suas apresentações.
Cortez não foi o foco principal na estreia. Os próprios candidatos, que devem ter boas historias para contar, também não. A edição do programa concentrou-se especialmente no trio de jurados, o carnavalesco Milton Cunha, o cantor Sidney Magal e a apresentadora Daniella Cicarelli.
Cunha escolheu o caminho do espalhafato, o que sempre funciona bem em programas do gênero. Magal fez a linha “Magda”, falando tudo que passa pela cabeça, outra técnica também muito eficaz em júris na TV. Já Cicarelli não encontrou ainda o seu personagem – parece querer ser a “boazinha”, mas não deixou isso totalmente claro.
A melhor de Magda, digo, Magal foi o elogio ao pintor Reginaldo, de Machado (MG), que apresentou um número musical : “Vou arrumar perto de casa umas 50 casas pra você pintar para ouvir você cantar”. Também foi bom o seu elogio às duas crianças que fizeram mágicas com pombas e coelhos no palco. “Achei simplesmente divino. Quando você crescer, certamente vai tirar um elefante de algum lugar.”
Depois do número de dança das drags Kim Miller e My Cher, Cunha sentenciou: “Esse pedaços de figurino não podem cair no chão, Maristela”. Em outro momento, depois de Cunha detonar um candidato hábil na manipulação de um ioiô, a edição colocou em foco um homem na plateia bocejando. Esse tipo de tomada é ousada, mas perigosa – não é bom dar ao público a ideia de bocejar em casa.
Fonte: televisao.uol.com.br