Depois de enfrentar um câncer no último ano e a campanha mais disputada desde que chegou ao poder em 1999, Hugo Chávez ganhou neste domingo mais seis anos de mandato na Venezuela para, em suas palavras, tornar “irreversível” a implentação do socialismo no país.
Com 90% da apuração concluída, ele recebia 54,42% dos votos contra 44,97% do rival, Henrique Capriles, segundo o CNE (Conselho Nacional Eleitoral). Os percentuais equivalem a 7.444.082 e 6.151.544 eleitores, respectivamente.
Com essa vitória, Chávez, 58, teve o mandato renovado até 2019, quando completará 20 anos no poder.
Essa foi a terceira vez em que ele foi eleito para um mandato com duração de seis anos, regra criada pela nova Constituição, aprovada em 1999, um ano depois de sua chegada ao poder. Em 2000, Chávez foi eleito sob esse novo marco jurídico e, em dezembro de 2006, reeleito pela para um mandato de seis anos, com 62%. Em 2009, o presidente promoveu um referendo sobre o fim da limitação ao número de mandatos políticos, e chegou a falar sobre se manter no governo até 2021, ou mesmo 2030.
Pelo Twitter, Chávez agradeceu a vitória. “Obrigada, meu amado povo!!! Viva a Venezuela!!!! Viva Bolívar!!!!!” Minutos depois, completou: “Obrigado, meu Deus! Obrigado a todos e a todas!!”
A diferença de nove pontos para o presidente é significativamente menor que a de Chávez nas presidenciais de 2006, de 26 pontos. De lá para cá, o chavismo perdeu votos, especialmente em bolsões urbanos das maiores metrópoles.
Na Venezuela, o voto não é obrigatório, e, desta vez, chamou a atenção a grande quantidade de eleitores que compareceram às urnas. Dos mais de 18,8 milhões de eleitores cadastrados para votar neste domingo, 80,94% compareceram, ultrapassando –em muito– a marca histórica de 70%.
Durante a votação, os dois presidenciáveis afirmaram que aceitariam os resultados das urnas.
Sob Chávez, a Venezuela teve uma redução da pobreza de 49,4% para 27,8%. A redução da desigualdade foi maior que a dos anos Lula no Brasil. Mas o mandatário também sofre críticas por má gestão e pela violência. Um dos maiores trunfos de Chávez nesta eleição era o programa “Gran Misión Vivienda”, uma espécie de versão custo zero (sem financiamentos) do programa brasileiro “Minha Casa, Minha Vida” que conta com, segundo números do governo da Venezuela, 272 mil beneficiários. O programa gerou imensa esperança -mais de um terço do eleitorado diz estar na fila para receber a casa.
Sua campanha, que contou com o envolvimento do marqueteiro do PT João Santana, foi marcada por uma redução no ritmo do candidato, provavelmente por causa da recuperação das três cirurgias que enfrentou recentemente para tratar um câncer do qual não divulga detalhes.
Chávez concorreu contra Henrique Capriles, 40, o ex-governador do populoso Estado de Miranda que representava uma mudança geracional no antichavismo e comandava as maiores reuniões populares opositoras desde 2004 com discurso centrista e de críticas à gestão do governo.
Fonte: www1.folha.uol.com.br/