Maior greve na história da Unicamp atrasa calendários e afeta pesquisas

Funcionários pararam há 88 dias por causa de reajuste zero em salários.

Por Redação Tudo UP! – RPT

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A greve de funcionários da Unicamp completa 88 dias nesta segunda-feira (18) e já está consolidada como a paralisação mais longa registrada na história da instituição, que completa 48 anos em outubro. Embora o movimento feito por docentes tenha sido suspenso no dia 1º, parte dos estudantes da graduação mantêm apoio aos servidores que reivindicam aumento salarial e, com isso, há atrasos em calendários. A universidade também admite o impacto nas pesquisas, mas avalia não ser significativo e defende que na maior parte dos setores o funcionamento ocorre dentro da normalidade.
Reitoria e funcionários voltam a negociar em reunião marcada para as 10h desta segunda-feira mas, apesar disso, ainda não há data definida para uma nova assembleia dos funcionários, segundo o diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) Diego Machado de Assis.
A diretora do STU Margarida Barbosa disse que a paralisação dos servidores técnicos administrativos gerou adiamento de teses e qualificações de trabalhos acadêmicos dos alunos. “Há funcionários em greve que são responsáveis por fazer os trâmites burocráticos. Estudantes tiveram de adiar a defesa não só por isso, mas também por causa de laboratório. A Biblioteca Central está fechada, por exemplo”, afirmou a enfermeira que atua no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism). Segundo ela, somente após o fim da greve será possível avaliar qual o número de trabalhos afetados.
Motivo da greve
Os funcionários pararam as atividades em 23 de maio, após decisão do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp) que congelou os salários. Sem avanços na negociação sobre reajuste salarial, que é debatido em conjunto entre as universidades estaduais (USP, Unesp e Unicamp), o reitor José Tadeu Jorge propôs em 6 de agosto o abono de 21%  para tentar por fim à paralisação. O STU negou a oferta em assembleia dois dias depois e apresentou a contraproposta que foi rejeitada pela reitoria na quarta-feira (13).
O Cruesp defendeu o reajuste zero dos salários para que a discussão da data-base dos profissionais seja prorrogada para setembro e outubro, em virtude do comprometimento do orçamento das universidades com as folhas de pagamentos: 104,2% na USP, 96,5% na Unicamp e 94,4% na Unesp.
Creches 
Um dos coordenadores do STU, João Raimundo de Souza disse que a mobilização reduziu atendimentos nas creches e unidades administrativas. Segundo o sindicato, a Unicamp possui três creches, duas para atender crianças de diferentes e idades e uma dedicada a filhos de funcionários que trabalham em unidades de saúde. De acordo com o sindicalista, foram contratadas 20 pessoas a mais durante a greve para que o atendimento não fosse prejudicado.
“Os funcionários das creches durante a greve garantiram apenas o atendimento emergencial, que é o funcionamento da unidade que atende os filhos dos funcionários das unidades de saúde, que não têm mesmo onde deixar os filhos. Mas a contratação de 20 funcionários durante o movimento diminuiu o prejuízo”, afirmou Souza.
Calendário
A Unicamp adiou, de 4 de agosto para 1º de setembro, o início do segundo semestre letivo para os alunos da graduação e da pós-graduação. Segundo a universidade, o adiamento foi necessário para a conclusão das atividades do 1º semestre, incluindo envio de notas, de 30% das turmas que ainda precisavam fazer reposição de aulas, provas e trabalhos.
 
Além disso, a Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest) adiou o calendário do processo seletivo de vagas remanescentes, procedimento que ocorre independente do vestibular. As inscrições, que começariam em 19 de agosto, foram reagendadas para 12 a 23 de setembro e podem ser feitas pelo site da universidade.
Divergência de números
A assessoria de imprensa da Unicamp diz que a greve mais longa ocorrida anteriormente foi em 1988 e teve duração de 68 dias. O coordenador do STU, entretanto, afirma que foram 84 dias de paralisação, entre dezembro daquele ano e 1989, em que a categoria, ao lado de professores e do funcionalismo público, reivindicaram aumentos salarias e investimentos nas universidades.
O governo de São Paulo assinou um decreto, em 1989, que garantiu autonomia administrativa e financeira às universidades e também fixou parcela do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICM) arrecadado no estado como orçamento das instituições.
A universidade
A Unicamp, por meio de nota oficial, explicou que na maior parte das unidades e órgãos o funcionamento ocorre dentro da normalidade e o prejuízo não foi significativo. Além disso, ao contrário do que diz o sindicato dos trabalhadores, a universidade afirma que a a greve “não trouxe impacto significativo à produção científica da instituição, com as pesquisas transcorrendo dentro da normalidade na maior parte das 24 unidades de ensino e pesquisa”.
A nota ainda afirma que a reposição das aulas acontece durante todo o mês de agosto e que o semestre letivo vai começar no dia 1º de setembro, sem necessidade de definir um calendário especial. Segundo a universidade, as atividades funcionam normalmente em 90% das de todas as unidades de ensino e pesquisa.
Sobre as creches, a Unicamp afirmou que 80% das crianças estão sendo atendidas. Já na área de saúde, o atendimento é de 100% das crianças, segundo a universidade. A unidade também confirmou a contratação de 21 profissionais para o atendimento das creches, mas ressaltou que as contratações não têm relação com o movimento e já estavam previstas.
Fonte: http://g1.globo.com/
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