Em uma época em que as sequências dominam as bilheterias, não é de se estranhar que “Meu Malvado Favorito” (2010) tenha ganhado, merecidamente, a sua. O longa estreia nesta sexta-feira (5) nos cinemas nacionais.
Encantadora para crianças e com humor pontual para adultos, a animação do recém-criado estúdio Illumination conseguiu fincar sua posição em um território dominado majoritariamente pela Pixar (“Toy Story”, “Procurando Nemo”, “Valente”), seguida de longe pela DreamWorks (“Kung Fu Panda”, “Shrek”).
A façanha se deve mais a uma história bem elaborada do que propriamente à excelência técnica, quesito no qual esta animação perde para seus concorrentes. Mesmo assim, não lhe faltam méritos, até por chegar a este patamar. O perigo, claro, se encontra no que está por trás das continuações: se o estúdio procura retorno, então deve mostrar qualidade na técnica e no conteúdo. O fiasco de “Carros 2”, da Pixar, mostra que o público não tolera mais tapeação, por mais bem embalada que esteja
O roteiro da dupla Cinco Paul e Ken Daurio, que se repete neste segundo longa, convence até certo ponto. O sucesso inegável de “Meu Malvado Favorito” centrava-se na sensível e humana transformação de Gru (Steve Carell, na versão original, e dublado por Leandro Hassum nas cópias brasileiras), que se autointitulava “o maior vilão do mundo”.
Solitário em suas vilanias quase infantis, que consistiam em assustar crianças e furar filas graças ao seu raio congelante, ele encontra sua bondade, no fim, ao se deparar com as três órfãs Margo, Edith e Agnes. Usadas como peças em um “diabólico” plano para roubar a lua, elas acabam trazendo ao anti-herói a perspectiva de amor paterno, letárgica devido aos descalabros de sua mãe dominadora (Julie Andrews).
Quando Gru devolve a lua e passa a ser o responsável pelo contagiante trio de órfãs, termina o episódio inicial e começa esta nova aventura. Como ele agora parece ser do bem, acaba convocado, a contragosto, para participar da Liga Anti-Vilões e descobrir quem roubou uma fórmula secreta, que não faz mais que transformar animais de estimação em monstros.
Embora relutante, Gru aceita participar dada a sua nova atitude de pai responsável e ao incansável ímpeto da atrapalhada Lucy (Kristen Wiig e, na versão dublada, Maria Clara Gueiros), que passará a ser sua parceira. O que ele desconhece é que seus fiéis minions (os cômicos seres amarelinhos que roubam todas as cenas) estão sendo sequestrados.
Lucy, desde o início, se mostra a peça que falta no peculiar núcleo familiar. Mas é neste ponto que a dupla Cinco Paul e Ken Daurio se enrosca, ao não dar conta e, por isso, não amarrar bem os três conflitos narrativos principais: a vida em família, o novo elemento amoroso e, claro, capturar o vilão (participação especial de Sidney Magal).
Como sequência, “Meu Malvado Favorito 2” é mais fraco, quando comparado às continuações de seus concorrentes “Toy Story”, “Shrek” ou “Kung Fu Panda”, que recriaram suas narrativas à altura da original. Ainda assim, é contagiante porque consegue passar ao público o humor e, apesar da fantasia, sua ligação com o mundo real.
Fonte: cinema.uol.com.br