A 9ª edição da Virada Cultural teve cerca de 26h de duração, marcada pela saída do pernambucano Otto do palco 25 de Março por volta das 20h15. No palco Júlio Prestes,o uruguaio Jorge Drexler fechou a programação às 19h20, e o Stand Up se estendeu até as 19h50. Mais de 900 atrações se dividiram em diversos palcos pelo centro da cidade desde as 18h de sábado, mas o grande gargalo deste ano foi, mais uma vez, a sensação de insegurança nas ruas, refletindo em uma tensão que envolveu Polícia Militar e Prefeitura de São Paulo.
Durante a madrugada houve relatos de que a PM estaria atuando com inércia diante de atos de violência no evento. A reportagem do UOL flagrou um arrastão na praça da República a dez metros de uma base da PM, da qual os policiais alegavam não poder sair. “Se houve sonegação de ajuda por parte do policial, iremos investigar”, disse o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, durante divulgação do balaço final do evento. Um total de 3,4 mil policiais militares estavam trabalhando na Virada.
A equipe do UOL que percorreu as ruas do Centro durante as 24h de Virada Cultural relatou sensação de insegurança ao fazer o trajeto entre os palcos. Enquanto as apresentações aconteciam, o clima era mais ameno entre o público, mas circular de um lado para o outro na região era o grande temor, em meio a relatos de roubos, arrastões e brigas.
Policiais que não quiseram se identificar afirmaram ao UOL que esta foi a edição mais violenta da Virada. Segundo eles, não se esperava um número tão grande de ocorrências. Duas pessoas morreram durante o evento, seis foram esfaqueadas e 28 foram detidas, segundo dados preliminares apresentados pela organização. “Recebemos mais ocorrências do que imaginávamos”, reconheceu Haddad.
Nas redes sociais, a falta de segurança também foi assunto na página principal do evento no Facebook. “Estou com medo. Vi de perto arrastão”, disse um internauta. “É o quinto ano que eu vou e o último, porque essa foi uma Virada realmente assustadora. Seis baleados, gente esfaqueada e até o Eduardo Suplicy foi roubado”, disse outra pessoa, referindo-se ao senador do PT que foi furtado durante show de Daniela Mercury no palco Júlio Prestes.
Cardápio de atrações culturais
As sérias ocorrências policiais, no entanto, não chegaram a ofuscar a programação cultural. Os Racionais MCs, uma das atrações de rap mais esperadas, colocou crianças no palco e condenou os atos de violência presenciados durante a Virada. Haddad estava na plateia e assistiu ao show rodeado por oito seguranças.
Emicida se apresentou com uma banda completa e um DJ, agradeceu ao público por “fazer o rap nacional” e criticou Lobão. Já Criolo dedicou “salves” à família e ao rapper Sabotage, ícone do rap paulista morto em 2003. O rapper Afro-X também falou sobre a violência: “Acho que o que aconteceu é reflexo do que a gente vive na sociedade. A violência está banalizada porque as pessoas não conseguem ver alguém que não conhecem como ser humano”.
O show da banda A Banca, formada pelos ex-integrantes do Charlie Brown Jr., teve participação dos rappers Sandro RZO e Sabotinha (filho de Sabotage). No final da apresentação, fãs tentaram invadir o camarim da banda e tiveram que ser contidos por seguranças.
Ícone do funk, George Clinton fez uma apresentação impecável, mas vista por um público mais restrito, que ouviu hits da época do Funkadelic e Parliament. No palco brega, o grupo Kaoma recebeu Gaby Amarantos. E Sidney Magal foi visto por fãs diversos, entre famílias e senhoras. E Luiz Caldas mostrou hits como “Tieta do Agreste”, “O que É que Essa Nega Quer?” e “Haja Amor”.
O compositor Paulo Vanzolini, que morreu no último dia 28, ganhou uma homenagem feita pelos cantores Ana Bernardo, Carlinhos Vergueiro, Cláudia Morena, João Macacão, Márcia e Maria Martha.
Fonte: http://entretenimento.uol.com.br